A vida
humana, algo elevada, não pode reduzir-se à satisfação dos instintos, não pode
ter como testemunho álcool, fumo e excesso de divertimentos. Voluntariamente
vigiado, o instinto sexual perde violência.
Sexo é criação, que tem
por finalidade o entrelaçamento de dois mundos: material e espiritual.
A prova
disso são os distúrbios causados pela sexualidade que não se prenda a
sentimentos elevados.
É falsa toda filosofia
que não revela no casamento um único objetivo: união de corpo e alma.
A vida sexual subordinada
à consciência esclarecida é que distingue o ser humano da fera. A procura dos
baixos prazeres sexuais perturba a existência.
Somente perdura a união
conjugal, quando, no amor, se enquadram as características do sexo: o homem,
assumindo a responsabilidade de poder, energia e segurança; a mulher, recebendo
a necessária proteção para expandir-se na maternidade.
Tão íntima é a relação entre corpo e espírito, que quando o sexo não se define há desvios psíquicos que afastam o indivíduo da vida normal.
Tão íntima é a relação entre corpo e espírito, que quando o sexo não se define há desvios psíquicos que afastam o indivíduo da vida normal.
A liberdade excessiva que
masculiniza a mulher, que a conduz à vida primitiva, reflete-se na sociedade, é
o ponto de neurose contemporânea.
Sucumbiu a Grécia antiga,
quando as jovens se confundiram com os rapazes, havendo, portanto, uma espécie
de intersexualidade.
É doloroso assistir ao
triste espetáculo das moças namorando durante altas horas da noite, pelas ruas
ou dentro dos automóveis, numa ostentação de impudor e desamparo.
Embora a lei, muitas
vezes, não possa agir preventivamente em crimes dessa natureza, está sempre à
espera para intervir na consumação do fato. Mas é difícil resolver tal problema
social, porque existe na sociedade a classe de criminosos seguros de impunidade
— certos pais.
Atualmente o mal se
agrava: o homem explora as paixões sexuais, excitando as fraquezas da mulher,
que se perverte voluntariamente sem consciência da queda.
Urge que a mulher não se
afaste da realidade da vida, respirando uma atmosfera artificial de luxo e
divertimentos, de vaidades e vícios; que esteja sempre vigilante às tentações
malsãs deste mundo para não se deixar levar pelas insuficiências.
O destino do mundo
depende do conceito da vida que a mulher lhe confere.
Esposa ou mãe,
tornando-se leviana e fútil, desagregará forçosamente a sociedade. Os filhos
serão o que foram suas mães.
É necessário que a
família atualize os princípios testemunhos da vida (amor, trabalho,
responsabilidade) e encerre a matrícula na Escola da Rua que tanto a prejudica.
Uma aptidão, um
temperamento são transmitidos: os filhos recebem dos ascendentes herança
material, moral e fisiológica.
A hereditariedade é capaz
de transmitir ao filho, sem distinção de sexo, taras e privilégios com os quais
o herdeiro se prejudica ou se beneficia. Para isso possui livre arbítrio e
vontade.
A inclusão de
características femininas no homem, e vice-versa, depende da hereditariedade,
dos erros de educação, da influência do meio social e profissional.
A educação que se firma
em mimos exagerados e excessivos cuidados distorce os atributos do sexo: o
homem perde as funções naturais de iniciativa, luta moral e intelectual; a
mulher não se adapta ao casamento, por tornar-se intransigente ou flor de
estufa.
Uma filha, ao herdar a
energia do pai, pode masculinizar-se ou utilizá-la na boa direção da família,
unindo-a ao grande poder intuitivo que lhe é inato.
Importa, desde cedo,
estabelecer relações normais entre meninos e meninas, pois separar rigidamente
os sexos é tão prejudicial quanto lhes dar educações idênticas numa completa
promiscuidade.
As relações entre os
sexos têm que conservar o equilíbrio de sempre. Embora a vida humana encerre
uma série de transformações, há muita coisa que deve ser perene. Pretender
masculinizar a mulher e afeminar o homem é visar seres assexuados.
O que se impõe é agir no
sentido de valorizar as qualidades de cada sexo, corrigir as insuficiências e
desvios num salutar convívio que compense e equilibre.
O homem e a mulher, sendo dois elementos opostos, se completam numa unidade.
O homem e a mulher, sendo dois elementos opostos, se completam numa unidade.
Sexo e espírito
Por Olga Brandão de Almeida
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